Não importa onde estamos, numa mesa de bar ou no divã do analista, nossa mente nunca para e nossos medos e desejos nunca nos abandonam. Nem por um instante nos separamos do que realmente somos e, por mais difícil que seja, não controlamos cem por cento nossas atitudes. Se Freud, após 40 anos de estudo da mente humana, continuou com várias dúvidas sobre o ser humano, quem sou eu ou você para julgar as “crises histéricas” da melhor amiga? Só Freud explica!?!
Coisas simples que todos vivemos,pensamos,sentimos e nem sempre conseguimos partilhar. Assuntos, temas, extraídos da minha experiência clínica e do meu cotidiano. Em alguns você pensará: tô fora... Em outros: tô dentro...

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

MI NE VOLAS MORTI - Parte I

A intervenção do psicólogo frente às situações de emergência em paciente cardíacos.

Durante muito tempo assistia, no canal a cabo 47, a uma série de nome E.R. Nela era mostrado o corre-corre de um hospital de emergência/urgência que atendia pacientes em situações de risco, sendo o Pronto-Socorro sua principal porta de entrada.
Um dia, vendo meu interesse constante, meu filho me lança uma pergunta à queima-roupa:
- Mãe, você atende esses casos no SOCOR? Tem jeito?
Adiei um pouco minha resposta e fui então procurar sobre a diferença entre emergência e urgência. Dos vários significados encontrados, primeiramente, no dicionário, escolhi estes:
*emergência: - situação crítica, acontecimento perigoso ou fortuito; incidente.
- nascimento.
*urgência: - que é necessário ser feito com rapidez;
- indispensável; imprescindível.
Fui ainda verificar os significados para a medicina e constatei que a primeira dúvida que assalta os profissionais é a definição do que vem a ser emergência e urgência médicas, uma vez que os pacientes recebidos nas salas de emergência dos hospitais são portadores de condições as mais variáveis. Essas condições, de acordo com a gravidade que apresentam, podem ser classificadas em termos de risco imediato, segundo o Prof. Dr.Mário López, nas seguintes categorias:
*rotina: o tratamento pode ser retardadom várias horas, sem que haja risco de vida aumentado ou de incapacidade. Não constituem, portanto, uma real emergência.
*urgência: o tratamento precisa ser iniciado dentro de poucas horas, pois existe o risco de evolução para complicações mais graves e mesmo fatal.
*emergência: a necessidade de manter as funções vitais ou evitar incapacidade e complicações graves exige que o início do tratamento seja imediato.
E segundo a Associação Americana de Hospitais, “emergência é qualquer condição que, na opinião do paciente, de sua família, ou de quem assumir a responsabilidade de trazer o paciente ao hospital, necessite de assistência médica imediata. Essa condição perdurará até que um profissional de saúde determine que a vida do paciente não está mais em perigo”.
Volto à pergunta do meu filho e ao corre-corre de um Pronto Socorro, considerando pacientes em situações de risco. Nesse caso, o paciente em si já constitui uma urgência, pois pede algo a alguém – ao médico – que tem algo a oferecer e que deverá fazê-lo com a maior rapidez possível, pois uma fração de segundo pode significar vida ou morte.
O saber médico é uma referência encontrada de imediato no hospital. Ele não interroga o paciente, ele se oferece ao paciente sem a ele se expor.
O saber psicanalítico é um saber particular, a ser constituído, endereçado e apropriado tendo em vista um paciente.
A urgência médica diz respeito a coisas por fazer – injeção no agitado, reanimação para o estado de choque, anticoagulantes para o enfartado – que implicam questões de sobrevivência, enquanto que, para o psicanalista, exige coisas por dizer, incluindo-se sempre o desejo para se definir o que é urgência.
A urgência, dirá a psicanálise, vem do Outro; com isso, ela desarma esse regime, à primeira vista, inabordável, de exigências sem limites, inadiáveis.
A urgência sabemos, impede recorrer à fala; assim, a psicanálise faz falar para que possa haver uma escuta do que é dito. Propõe em vez de fazer alguma coisa para atender a urgência, responder com uma certa escuta.

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