Não importa onde estamos, numa mesa de bar ou no divã do analista, nossa mente nunca para e nossos medos e desejos nunca nos abandonam. Nem por um instante nos separamos do que realmente somos e, por mais difícil que seja, não controlamos cem por cento nossas atitudes. Se Freud, após 40 anos de estudo da mente humana, continuou com várias dúvidas sobre o ser humano, quem sou eu ou você para julgar as “crises histéricas” da melhor amiga? Só Freud explica!?!
Coisas simples que todos vivemos,pensamos,sentimos e nem sempre conseguimos partilhar. Assuntos, temas, extraídos da minha experiência clínica e do meu cotidiano. Em alguns você pensará: tô fora... Em outros: tô dentro...

segunda-feira, 29 de junho de 2009

CASA DO RICHARD


Em agosto próximo faz cinco anos que conheço e freqüento a Casa do Richard. Nessa época, 2004, passei por um momento dificílimo, com minha filha. Enfrentar um diagnóstico e uma cirurgia de URGÊNCIA numa criança, até então super saudável, requer uma força por parte dos pais, que a gente nem faz idéia que tem. Depois de passado os momentos mais difíceis estava um caco, e ainda tínhamos uma longa jornada pela frente. Conversando com minha amiga Vênica (amiga de mais de 30 anos, que em breve postarei um pouco da nossa história) disse-lhe que estava exausta e que precisava me benzer*!- Porque não vai? Ela me disse.
- Não conheço ninguém! Respondi.
Tinham na minha memória aquelas benzedeiras, de lenço branco amarrado na cabeça, que as mães levavam as crianças que não dormiam, comiam, tinham pesadelos, estavam com mau olhado, quebranto... Não era bem isso que eu estava passando e quando usei a palavra benzer, era uma necessidade de recarregar as baterias, a energia que tinha ido embora por conta de tanto sufoco.
- Você já ouviu falar na Casa do Richard?
Com a minha negativa, ela me contou que ele era um arquiteto, bacana, “pessoa diferenciada”, que abria sua casa todas as terças e quintas para receber pessoas que estavam, como eu, precisando de uma “recarregada”.
- É um Centro Espírita?! Perguntei afirmando.
- Não! É a casa dele. É só você chegar, a partir das 19horas, sentar no sofá e aguardar. Vai tanta gente lá, que com certeza você deve encontrar com alguém conhecido! Não precisa falar quem te indicou, nem do que precisa. Ele não vai se lembrar de mim e todos que lá trabalham, já sabem como receber os visitantes.
-????
Então numa terça-feira daquele agosto de 2004, muito antes das 19horas cheguei à Casa. Fui a primeira e seguindo as instruções de Vênica, sentei num dos sofás da sala até quando Richard, que estava trabalhando em sua prancheta me disse:
- Vem cá menina, vai me privar de uma boa conversa?
Foi assim que tudo começou. Fui tendo conversas maravilhosas naquela sala, recebendo bênçãos a cada ida, reenergizando, conhecendo seres incríveis, revendo pessoas de várias épocas de minha vida, construindo amizades fantásticas.
Richard é um longo capítulo. De sabedoria ímpar, desenvolve esse “trabalho” há vinte anos em sua casa quase que ininterruptamente (a Casa só fecha em janeiro, mas se tiver alguma urgência, ele convoca a turma e vão todos trabalhar).
Sempre me perguntei como é possível uma pessoa abrir sua casa assim... Ele e sua mulher Lúcia, Lucinha (outro capítulo à parte) como todos nós, deve ter terças ou quintas que querem sossego. Aqueles dias que a gente sai do trabalho, querendo silêncio, um bom banho e dormir. Não, Richard está sempre lá. Ouve, intervém se necessário, fala algo quando é indispensável. Tudo com maestria de regente que não precisa conhecer os membros da orquestra. Regente que é puro amor e doação. O ditado diz: “quem não sabe dar, não sabe receber”! Lá é diferente: quem não sabe receber, não doa verdadeiramente. E Richard recebe, de braços abertos, coração com coração (como ele me ensinou em seus amorosos abraços) a todos!
Eu, hoje, tenho o privilégio de ser uma amiga-irmã desse casal, que me faz todos os dias proferir a palavra OBRIGADA.
E a minha amiga Vênica, que acompanha todas as minhas histórias da Casa, já sabe como sua dica de “benzedeira” mudou minha vida.
*Benzer (do lat.benedicere)- fazer o sinal da cruz sobre a pessoa ou coisa, recitando certas fórmulas litúrgicas para consagrá-la ao culto divino ou chamar sobre ela o favor do Céu; abençoar, coroar com bom resultado.

2 comentários:

  1. Regina

    Emocionei-me, arrepiei e sobre tudo amei.
    Você também fez muita diferença na minha casa.
    Com a sua solidariedade, amor e sensibilidade, mudou também todos nós.
    Do sempre amigo
    Richard

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  2. REGINA,

    BACANA DEMAIS A GENTE PODER SER AMIGA , DE UM CARA TÃO ESPECIAL COMO O RICHARD.
    ELE REALMENTE É UMA PESSOA ESPECIAL

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