Não importa onde estamos, numa mesa de bar ou no divã do analista, nossa mente nunca para e nossos medos e desejos nunca nos abandonam. Nem por um instante nos separamos do que realmente somos e, por mais difícil que seja, não controlamos cem por cento nossas atitudes. Se Freud, após 40 anos de estudo da mente humana, continuou com várias dúvidas sobre o ser humano, quem sou eu ou você para julgar as “crises histéricas” da melhor amiga? Só Freud explica!?!
Coisas simples que todos vivemos,pensamos,sentimos e nem sempre conseguimos partilhar. Assuntos, temas, extraídos da minha experiência clínica e do meu cotidiano. Em alguns você pensará: tô fora... Em outros: tô dentro...

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

A DROGA DA FELICIDADE


Quando nos damos conta, a casa está silenciosa... Mais do que habituada com a barulheira agitada dos filhos, que vão desde pedidos de “tô precisando de uma calça jeans mãããe”, “arruma uma grana que vou sair com a galera”, até a empolgação cheia de risadas dos amigos nos quartos de cada um, o silêncio me incomoda. Tem ainda aquele barulho materno do tipo desliga o telefone que você já ta há horas, quando chegar da balada vai ao quarto me avisar, hoje quero todo mundo em casa e ponto, o silêncio me incomoda. Estão de férias... Cresceram e como é de se esperar, tomam seus próprios rumos. Gosto do café da manhã com eles, mesmo que seja rápido. Não abro mão de estarmos juntos na hora do almoço: cada um que pule miúdo, com sua agenda diária, para que isso aconteça. E as conversas sentados na minha cama, tarde da noite, sinto falta nas férias. Chegaram de uma temporada na praia e eu, era só saudade desse barulho, que se ausentou por quase 15 dias dos meus ouvidos. Depois de um almoço, caprichado e prolongado, pondo as novidades em dia, André já tinha programação e eu fiquei chateada, ainda não tinha matado toooooda a saudade. Mas fazer o quê? Combinamos então que, à noite, ele não iria pra balada. Fiquei esperando, esperando, até que lá pelas 10 da noite, ligo reclamando, e ele todo amoroso, me diz que já estava chegando. Tinha ido para a casa de amigos fumarem narguilé e antes mesmo que pudesse completar minha frase de desgosto, ouvi dele do outro lado da linha, sua reclamação sobre o cigarrim de palha da mãe. Dorme com essa! Chegou alegre demais e eu fui quente e fervendo: - Era só narguilé mesmo?
- Não to entendendo esse tom de ironia, mãe!
- Tá alegre demais!
E ele sorrindo e me abraçando responde:
- Felicidade é droga? Auto estima elevada é droga? Amor é droga? Alegria é droga? Então, to super drogado! E mãe, foi você que me ensinou e me ensina a me drogar assim com a vida!
Depois dessa... Só dormindo mesmo!

13 comentários:

  1. Tomou papuda! Podia ter dormido sem essa!!! rssrs..
    bjo
    eidia
    http://www.oquevivipelomundo.blogspot.com

    ResponderExcluir
  2. E mais. Você não desconfiou da cria. Não confiou em você. No seu ensinamento. Agora dei pra isso. Dar lição de moral....hehheheeeeee.....
    eidia
    http://www.oquevivipelomundo.blogspot.com

    ResponderExcluir
  3. Muito bom mesmo esse seu artigo, querida amiga Regina.
    Ter filhos, criá-los e educá-los passando testemunho de boa educação, princípios e saber estar. Todo o tempo investindo neles com todo amor e depois como é natural eles crescem têm autonomia, seus amigos e interesses muito próprios e, o tempo de qualidade com eles diminui. O silêncio que se faz sentir quando não estão é pesado e daí a introspecção.
    A vida é mesmo uma droga, no bom sentido e em doses equilibradas de tudo um pouco, essa alegria de acordar e vê-los à mesa partilhando o mata-bicho e reconhecendo a carga imensa de boas energias que eles carregam e têm para dar vender.
    Rever neles a nossa infância e adolescência, os nossos sonhos também.
    A tirada dele foi sensacional e e ainda bem que forçou com perguntas, porque assim teve oportunidade de ouvir coisas boas e verdadeiras.
    Beijos e um kandandu que atravessa tanto mar até si.

    ResponderExcluir
  4. Olá Regina!

    Mãe que é mãe, é mesmo assim! Tem que ser mãe galinha, e, se tal lhe fosse possível, com os pintainhos sempre debaixo da asa, bem aconchegados, e protegidos contra os "perigos" que espreitam lá fora ...
    Mas os "pintos" crescem, batem a asa, e nós sentimos a falta deles. À mesa começam a sobrar cadeiras, a casa fica mais silenciosa, e nós pensamos neles com continuando a ser pequeninos e indefesos.
    E não há mesmo muito a fazer, a não ser a consolação de que tudo fizemos para que eles possam ser capazes de tomar conta deles mesmos; o resto ... é a vida deles!
    Beijinhos.
    vitor

    ResponderExcluir
  5. Ieda Amada
    Por mais que os amigos me falem como sou enquanto mãe, e o taaaanto que as crias são super bacanas, eu realmente me questiono todos os dias: se estou fazendo certo, se a semente tá bem plantadinha,etc etc. Fazer o quê, né? Ir aprendendo todo dia com os meus erros e os acertos, ah, com esses últimos tô no lucro (rsrs) quiném aconteceu nesse episódio!
    Beijuuss n.c.

    ResponderExcluir
  6. Kimbanda
    É isso: às vezes me assusto com a rapidez que esses "meninos" crescem e saem pelo mundo donos de si mesmos! Passa muiiiito rápido... E é bacana a gente ver que de uma forma ou de outra "o fruto nunca cai longe da árvore"!
    Beijuuss n.c do lado de cá do Atlântico

    ResponderExcluir
  7. Oi Vitor
    Como já disse em posts antigos, sou uma GALINHONA de 1,78m (risos) assumidamente! Mas é realmente como vc escreveu: a gente tenta protegê-los mas não dá para evitar o inevitável da vida! Temos mesmo que deixá-los voar...Agora a saudade, ah essa num tem jeito!!! Vou sentir sempre.
    Beijuuss n.c.

    ResponderExcluir
  8. Eles vão crescendo,crescendo,fugindo,fugindo...

    Abraço.

    ResponderExcluir
  9. Como eu fiquei feliz também, lendo essa descrição de mãe galinha. É tão raro nestes dias alguém falar de felicidade, de auto-estima, desses hábitos de juntar a família às refeições e todas essas cumplicidades, que me deixou com um sorriso na face. Tudo de bom para vcs todos.

    ResponderExcluir
  10. É Manuel...é isso! E não tem jeito mesmo: temos que deixá-los ir da mesma maneira que um dia nós fomos.
    Beijuuss n.c.

    ResponderExcluir
  11. Sabe Miguel, sou a caçula de seis filhas mulheres. Minha mãe ficou viúva muito jovem e sabe-se lá por quantos e quais motivos, "exigia" de todas nós esse encontro nas refeições. Tinha vezes, na adolescência, que achava uma chatice, mas depois percebi que eram momentos maravilhosos, onde todas conversavam sobre tudo e onde podíamos compartilhar o que estava acontecendo com cada uma. Aprendi isso com ela e não abro mão de jeito nenhum! Não tem essa de comer vendo TV ou na frente do computador! É todo mundo junto conversando, reclamando, discutindo, chorando ou rindo. O cardápio varia de acordo com o viver do dia-a-dia. Tem coisa melhor?
    Beijuuss n.c.

    ResponderExcluir
  12. Claro que o silêncio é ensurdecedor.

    A felicidade é isso mesmo: confusão, alegria, uma certa anarquia... mas também alguma ordem, disciplina... O nosso quotidiano tem uma vastíssima escolha de estados de alma.

    Saudações

    ResponderExcluir
  13. JPD
    Obrigada pela visita e contribuição.
    Saudações brasileiras!!!

    ResponderExcluir

Passou por aqui? Deixa um recado. É tão bom saber se gostou, ou não...o que pensa, o que vc lembra...enfim, sua contribuição!