Não importa onde estamos, numa mesa de bar ou no divã do analista, nossa mente nunca para e nossos medos e desejos nunca nos abandonam. Nem por um instante nos separamos do que realmente somos e, por mais difícil que seja, não controlamos cem por cento nossas atitudes. Se Freud, após 40 anos de estudo da mente humana, continuou com várias dúvidas sobre o ser humano, quem sou eu ou você para julgar as “crises histéricas” da melhor amiga? Só Freud explica!?!
Coisas simples que todos vivemos,pensamos,sentimos e nem sempre conseguimos partilhar. Assuntos, temas, extraídos da minha experiência clínica e do meu cotidiano. Em alguns você pensará: tô fora... Em outros: tô dentro...

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

CLARO




Busquei no dicionário o significado dessa palavra e encontrei, no mínimo, umas trinta definições. Muitas das quais se relacionam à liberdade. Livre de impurezas, limitações, censura, confusões, ilusões, dúvidas, incertezas, ambiguidades, e assim por diante. E, naturalmente, o significado mais elementar: “que permite a passagem da luz”.
Já faz um tempo que ando escrava. Talvez no aguardo de um Moisés, um guia enviado por D’us, que me liberte desse cativeiro. E a gente nem se dá conta de como e quando foi que nos algemamos. Descubro que a escolha nunca é entre a liberdade e a escravidão. Precisamos sempre escolher entre a escravidão e o desconhecido. Estamos presos por ideias de insignificância e falta de autoestima, por desejos, ganância e ignorância. Somos escravizados por nos sentirmos vítimas ou por acharmos que temos direitos. É uma história sobre o medo de mudar, sobre o apego a lugares e comportamentos que são pequenos e que machucam, porque abandoná-los irá nos colocar diante do que ainda não conhecemos.  Às vezes ficar claro demora uma vida inteira. Quarenta anos de deserto é tempo demais! Não faz mal. Pode ser a forma mais valiosa de passar o tempo. A liberdade é tão assustadora agora como há milhares de anos. Ela vai sempre exigir a disposição de sacrificar o que nos é mais familiar pelo que é mais verdadeiro. Para sermos livres, teremos que agir com base na integridade e na confiança, muitas vezes por um longo tempo. Em contrapartida, após todos esses anos, começo a pensar que o segredo de viver bem não é ter todas as respostas, mas perseguir, em boa companhia, as questões que não podem ser respondidas. Então, o que me (nos) resta é prosseguir. Quem sabe, um dia, chego à Terra Prometida!
(Baseado na leitura do livro "As Bênçãos do meu avô" de Rachel Naomi Remen)

13 comentários:

  1. Olá! Prosseguir penso realmente ser a opção/solução, mas o tempo o dirá não é?
    Obrigado pelas visitas e simpatia.
    bj, fica bem.

    ResponderExcluir
  2. O que ficou CLARO para mim, é uma frase do filme EM BOA COMPANHIA.
    "AS VEZES TER UMA CARREIRA NÃO É IMPORTANTE.
    IMPORTANTE É TER A SUA VIDA".
    Tudo isso em muito boa companhia.
    Simples, que nada dureza.
    Bjs.
    Wilma
    www.cancerdemamamulherdepeito@blogspot.com

    ResponderExcluir
  3. Claro que essa dicotomia nos afeta. Largar a zona de conforto refaz a cena primordial da expulsão do útero. O incômodo é que favorece a transgressão. A mudança é inerente. O medo da liberdade é o medo do desconhecido e nos aprisiona nos grilhões do sofrimento. Prazer e dor são as esposas ciumentas parte dessa bigamia. Dor pra quê? ..Se podemos ser livres? Se podemos ser felizes?...

    ResponderExcluir
  4. E enquanto não derrubarmos as muralhas de Jericó, prosseguiremos através do deserto, sustentados pelo maná de nossos sonhos.

    Beijo.

    ResponderExcluir
  5. Regina, adoro ver tuas ideias, reflexões...beijos praianos,chica

    ResponderExcluir
  6. Quem está preparado para ser livre?
    Será que existe alguém que, ao ensaiar os primeiros passos em liberdade, não dê alguns tropeços?
    Mas, vale seguir nesta peregrinação através do deserto da vida, á procura de um guia que mostre o caminho...
    Chegará o momento em que o guia será você mesma!
    Bjs, Rê!

    ResponderExcluir
  7. É bom. É tenso. É trabalhoso. É prazeroso. Quem vence? Nós, quando fazemos a opção correta. Quem sabe direito o que é certo? Eu não sei... Ou finjo não saber pra não ter que esmiuçar essa saída da zona de conforto.

    Viver, às vezes, exaure.

    Beijo, meu bem.

    ResponderExcluir
  8. Querida Re,

    As vezes, é bem verdade, que ficar claro leva uma vida inteira. E por isso mesmo, para não se perder, é melhor prosseguir, porque as respostas, aquelas que serão apresentadas, podem estar no caminho de toda existencia.

    Bjs

    ResponderExcluir
  9. Olá, RÊ!

    Viver pode não ser tarefa nada fácil,quando se tem a mente preenchida por interrogações e dúvidas para as quais não temos respostas.Que nunca teremos todas, e outras que encontramos tarde demais...
    O melhor mesmo, será não pensar muita nela, se tivermos arte para tal...

    Beijinhos amigos, e bom fim de semana.
    Vitor

    ResponderExcluir
  10. Somos comodistas e o novo nos assusta. Quanto mais perguntas, mais dúvidas. Uma certeza: todos chegaremos à Terra Prometida, importante é saber em que condições, em termos de bem/mal viver. Bjs.

    ResponderExcluir
  11. Oi, Regina!
    Acho que a liberdade é mais uma das ilusões que colocaram em nossa cabeça. Livrar-se do quê, de alguma condição real de algemas? Mas se temos a "liberdade" de ir e vir, o que nos sobra de prisão, é estarmos presos em nossos corpos. Virou uma utopia, já que para libertarmos o nosso corpo, bastaria morrer. Mas e daí? Estaremos mais uma vez presos ao que nos ensinam desde sempre.
    Também é bom ponderar entre o que desejamos e o que queremos para sempre. Nem sempre um querer, irá corresponder a uma condição. Por exemplo: Queria ficar livre dos meus compromissos diários... E se ficar livre, o que acontecerá em seguida? - As consequências, essas que na maioria das vezes é o que nos tira a liberdade. Entre o desejo e a consequência, paramos no meio do caminho.
    *Não sei se a flor é de pessegueiro - quando voltar a floricultura, pergunto!
    Boa semana!!
    Beijus,

    ResponderExcluir
  12. Acho que todos queremos e chegaremos lá, Regina. Mas a vida é complicada, mais do que parece. E temos que não pensar tanto nisso. bj

    ResponderExcluir
  13. Rê,
    É muito difícil para algumas, aliás, para a maioria das pessoas que conheço, romper barreiras, buscar o novo, livrar-se de dogmas e preconceitos. Não sei se é por conta do meu signo de Áries, mas sou daquelas que adora uma novidade, que fica toda empolgada com as possibilidades que poderão advir 'da passagem da luz'.
    Não entendo porque as pessoa têm tanto medo do novo, ficam fechadas nos seus quadrados, nos seus dogmas, não entendo mesmo!
    Pelo que eu sinto de ti, chegará à Terra Prometida com facilidade.
    beijos cariocas


    ResponderExcluir

Passou por aqui? Deixa um recado. É tão bom saber se gostou, ou não...o que pensa, o que vc lembra...enfim, sua contribuição!