Fui
fazer um atendimento hospitalar. Difícil e pesado. Porque não é nada leve você
acompanhar familiares e uma jovem paciente (só 32 aninhos) numa guerra contra o
maldito caranguejo.
Saio às 17h30minh. O trânsito está absolutamente parado.
Afinal, amanhã é dia do trabalhador, sinônimo de fim de semana prolongado. Sou
uma labutadora louquinha para chegar em casa.
Pelo que vejo não será possível
tão cedo. Pego minhas palavras cruzadas que sempre mantenho na bolsa para horas
assim. Faço uma, duas, três e nem um metro o carro anda. Passo para o celular,
mas não sei os motivos, a internet não funciona. Troco o CD e ouvindo músicas
new age (para ficar beeem zen) me vêm memórias de casos engraçados.
Invariavelmente o início é assim: a
gente não está muito legal e inventa umas fórmulas para ficar bem. Às vezes dá
certo. Outras não. Mas isso não é algo que faça os crédulos perderem a calma.
No mínimo, a experiência rende boas risadas. Quem se aventura pelo esotérico
acaba rindo – com ou sem graça.
Tomar banho com ervas, por exemplo, pode ter
duplo efeito: a gente lava a alma e suja o box. Usar sal grosso dá no mesmo com
o acréscimo do do-in que as pedrinhas fazem nos pés, um bônus precioso para
quem se liga.
Meditar usando incenso novo é sufoco na certa. Nós, os incautos,
nunca acertamos a distância ideal de primeira. Fazer o mapa astral pode virar
pesadelo. Mais do que conhecer o signo
ascendente, a lua onde, percebemos características que preferíamos desconhecer.
Às vezes, a experiência sobra para os vizinhos.
Há um ano, uma amiga, seguindo
o conselho de uma profissional, resolveu defumar a casa. O ritual não era nada
simples. Envolvia dispor vasilhas com enxofre em vários cômodos, botar fogo e
ficar de lá para cá, acompanhando o ritmo. Não tentem fazer isso em casa. A
experiência foi um suplício. No início, tudo bem. Aí, a fumaça foi aumentando,
tomando conta e ela, circulando desorientada sem poder respirar direito. Ficou
tão fedido e enfumaçado, que a alternativa foi abrir as janelas e apagar tudo.
Pode ser que tenha sortido algum efeito, porque ela ria muito ao contar o caso.
Existem também alguns tropeços. Eu, por exemplo, estava dançando descalça num
gramado suspeito, tropecei e cai. Pelo menos a trilha era perfeita, uma música
new age para aliviar as tensões. Jurei para a turma inspirada que eu estava
bem, mas machuquei o braço. Ficou roxo alguns dias. Tudo bem, roxo é a cor do
sexto chakra. Zen também.
A primeira vez que participei de uma reunião budista
foi insuportavelmente hilária. Estava acompanhada de um amigo bem-intencionado,
mas descontrolado. Chegamos atrasados e escolhemos um lugar discreto, como
fazem os iniciantes. As pessoas começaram o Daimoku. Estranhei aquele
murmúrio, era como um coral repetindo centenas de vezes a mesma frase – em
japonês! Só se ouvia "Nam myoho rengue kyo, Nam myoho rengue kyo, Nam
myoho rengue kyo..." Marco Antônio, meu amigo, ficou paralisado, encolheu os
ombros e virou o rosto para o outro lado. Estranhei. Puxei minha cadeira para
trás e, então, vi que o rosto dele estava muito vermelho. Ele fazia um enorme
sacrifício para não soltar uma gargalhada. Então, não aguentei. Perdi a pose.
Assim seguimos. Vamos sempre confiantes enfrentar o próximo desafio. O propósito é ficar bem na foto e acredito que, na maioria das vezes, saímos sorrindo.
Assim seguimos. Vamos sempre confiantes enfrentar o próximo desafio. O propósito é ficar bem na foto e acredito que, na maioria das vezes, saímos sorrindo.
Duas horas depois e doidinha pra fazer xixi chego em casa... Tenho
mais é que sorrir. Amanhã não tenho hora para acordar e sair da cama. Vou tomar
uma taça de vinho e curtir meu feriado prolongado. Bem zen e feliz por mais um
mês que termina e outro que inicia. Seja muito bem vindo maio!
Regina, temos mesmo que tratar de ficar o mais ZEN possíveis... Tive que rir , pois numa época colocava incensos na casa...A Cuca tinha alergia, ficava espirrando o tempo todo...
ResponderExcluirAdorei te ler e que bom que ao final, tudo acaba bem e desejo bom feriado e descanso! bjs, chica
Pelo menos, sua amiga que defumou a casa deve ter se livrado dos mosquitos por algum tempo...Kkkkkkkkkk
ResponderExcluirO esotérico tem seu lado bem humorado!
Bj, Rê!
Regina querida, você me fez feliz, viajei agora também, lembrando de uma passagem onde fui com minha mãe ver um brilhante espiriteiro, que antes da sacudidela, resolveu palestrar sobre O Argueiro e a Trave no Olho, só que todas as vezes que ele falava a palavra Argueiro, ele trocava ou não sabia e falava Arqueiro, não contente, fazia o gesto com a mão a mirar uma flecha na plateia que instintivamente se abaixava.
ResponderExcluirRimos muito.
São as nossas incursões ao Divino.
Sinto muito pela fase da sua parente, não devíamos passar por isso.
Mas, diga a ela que passa.
Beijos
Wilma
Olá,RÊ!
ResponderExcluirObrigado pela visita e pelas palavras amigas.É verdade que um dia aqui espero voltar: quando a mente estiver estiver mais leve e desocupada e a disposição e vontade se conjugarem para de novo voltar a escrevinhar - coisa que muito gosto de fazer...
E atá lá deixo um beijinho e um abraço, mais o desejo de que tudo vá correndo bem por esse lado.Obrigado!
Vitor
Seja bem vindo e traga mais textos que nos façam sorrir.
ResponderExcluirIdeal....beijo Lisette.
ResponderExcluirOi, Regina!
ResponderExcluirBacana lembrar de situações engraçadas em momentos de estresse. Pelo menos o seu final teve mais graça que o meu e me lembrei pois tudo começou também em um centro budista.
A primeira vez em que fui em um também tive acesso de riso. Estava com minha mãe e uma amiga. A minha mãe era frequentadora e resolveu nos levar. Quando olhei para a cara da minha amiga, não me contive. Foi no Centro Budista Nichiren Shoshu, no bairro Floresta, pertinho da casa onde minha mãe morava aí em Belo Horizonte. Inventei uma dor de barriga e saímos correndo. No caminho pra casa, ríamos tanto que as pessoas que passavam também riam sem saber o que tinha acontecido. Esse fato me trouxe um desconforto. Dessa vez no enterro dessa minha amiga que morreu prematuramente aos 18 anos. Tive acesso de riso dentro do cemitério, mas daí não sei... eu estava no meu limite de estresse quando me lembrei desse fato justamente naquela hora. Abaixei o rosto e o escondi entre as mãos. As pessoas achavam que eu estava chorando, mas eu estava rindo. Eu estava extremamente triste, mas ria.
Viu... Não teve graça!
Mas o bom da vida é extrair os bons momentos. Pena que só nos damos conta disso quando o momento já passou.
Eu ri imaginando a sua amiga com o defumador. Só não entendi a guerra contra o caranguejo. Isso é uma nova modalidade de exercício das academias? Tenho uma história muito engraçada de um amigo que tinha acabado de se separar e resolveu se matricular em uma academia. Você imagina, pq se for contar, o comentário ficará enooooorme!! :)
Feliz Maio para você!
Beijus,
Querida Luma antes fosse uma nova modalidade de academia. Caranguejo é o símbolo do câncer. Estava saindo de um atendimento hospitalar...moça de 32 aninhos. Muito triste. Bjus
ExcluirRegina, você me fez lembrar de um casamento budista em SP - aqui não tem dessas coisas - e um sobrinho a meu lado, a certa altura da cerimônia bem diferente, desandou a rir `as lágrimas...
ResponderExcluirTambém não aguentei e depois fiquei vexada, me sentindo a caipira idiota. Me vi culpada pela falta de respeito com os noivos (que nada perceberam).
Ai, ai... Eu queria matar aquele sobrinho adolescente!
Olá Rê!
ResponderExcluirMuito engraçado esse teu dia heim?!! (visto daqui claro!) achei muita piada (kkkk) à tal defumação!! Sabes lembro-me de em miúdo a minha mãe fazer isso lá em casa e em casa de outras pessoas que lho pediam, ela aprendeu isso em Moçambique e era assim ; era feito numa velha frigideira fogo com vários tipos de ervas (só lembro "arruda") e ela andava pela casa(s) fora com a frigideira numa mão e o terço na outra enquanto dizia umas intermináveis rezas. Eu até gostava do cheiro daquele fuminho branco que até não era assim tão forte (talvez a tua conhecida utilize outras ervas). Sim ... venha Maio, que eu estou cheio de chuva (nunca gostei) e quero andar de bike na montanha e correr junto ao mar ao sol pôr. Bjs, fica bem.
Só tenho que te agradecer por poder ler um texto que dispõe tão bem! Claro sorri o tempo todo da leitura. Não vivenciei situações das que narra mas sei que também me ia rir.
ResponderExcluirEssa da defumação, fez-me lembrar que era hábito, antigamente, nas casas muito pobres, cheias de buracos, fazer arder acho que giestas mas para afugentar os bichos.
Há um episódio que ainda hoje não entendo: adorava a minha avó paterna (esteve 5 anos imobilizada numa cama) e eu assisti à sua morte; tinha 15 anos; imagina como devia estar triste mas ver o que lhe estava a acontecer (serenamente mas com uns esgares esquisitos), fazia-me rir. Claro que tentei disfarçar. Quando penso nisso (e penso bastante) ocorre-me que talvez fosse uma reação de nervosismo...
Sobre essa jovem de 32 anos, é terrível mesmo! Há cerca de um mês morreu uma jovem conhecida que estava a viver no estrangeiro; acompanhei as suas postagens do FB, sempre com esperança de vencer, mas não venceu; teria aí uns 25 anos...
Bjuzz, querida Rê :)
Re,
ResponderExcluirEu vou deixar uma dica poderosa: quando me separei e vi qual era a verdade, mergulhei numa tristeza profunda, só que como lutadora indomável eu quis vencer e sair do poço. Indo e voltando da escola de minha filha notava do outro lado da calçada uma casa "Johrei". Não há nada melhor do que ir lá. É tão rapidinho e tão eficaz. Quando estiver se sentindo carregada, seja o motivo que for, esqueça qual é a sua religião, procure um centro Johrei. Será recebida com carinho e sorriso. Receberá passe (1 ou mais se quiser). Recomendo, dependendo do estado, que volte mais vezes, ahhhh alivia e muito.
Beijinhos
Re
ResponderExcluirahhhhhhhhh se morasse pertinho de mim, queria marcar um horário só pra dar muita risada com vc. Como eu gosto deste espaço, das suas histórias, vc me faz um bem danado!!!
Maio já está no fim, desejo que junho seja todo ZENnnnnnnnnnnnnnn...
Bjos